O ultimo trago é dado antes de atirar a bituca de filtro avermelhado pela janela, o copo com café requentado é levado a boca, mas antes de jogar goela abaixo uma checada para que não tenha caído nenhum resido de origem desconhecida.
A face do homem se retorcia, levava o dedo ao liquido pertencente ao copo, retirava dali algo disforme, aquilo lembrava mais uma lesma, o dedo é balançado na janela para que a mesma desconectasse de seus dedos e voasse para algum lugar aleatório, mas não foi isso que aconteceu...
O homem gritou desesperado de dor e agonia ao ver aquela coisa entrando sobre sua pele, o copo de café fora derrubado ao chão se quebrando em centenas de pedaços, um passo para trás em uma maneira fútil de se livrar da lesma fora dado pelo homem que perfurou seus pés e o chão começava a tomar uma tonalidade avermelhada, que se misturava com os resíduos de café. Mais um passo para trás, perfurava o outro pé e escorregava sobre um banco que estava no caminho sem nenhum motivo, em um ato desesperado tenta se agarrar sobre a mureta da janela, mas não ajudou muito, apenas fez com que um litro de álcool aberto voasse ao teto da cozinha fazendo esparramar aquele liquido por toda parte, e por ainda mais azar daquele pobre homem que estava apenas fumando um cigarro, uma das bocas do fogão estavam acessa o que fez aquele liquido translúcido tomar cores uniformes, enquanto caia sobre o corpo inerte ao chão.
Berros de dor e desespero foram ecoados de sua boca, mas desta vez ele percebeu que nenhum som saia dela, sua boca se inflamou com moscas infernais que saiam de sua boca e dançavam sobre seu corpo em chamas. Tentou rolar para os lados, mas a cozinha não tinha um espaço suficiente, as dores só alimentavam e seu desespero aquilo era agonizante, até que o homem se apagasse no chão.
Horas depois o homem acordava, estava deitado sobre o sofá de sua sala, avistava duas poltronas em sua frente, estavam sendo ocupadas por dois seres misteriosos, um deles parecia ter saído de seu pesadelo, era o próprio homem com o corpo todo queimado e tomado por ataduras, o outro era mais uma abominação de um dos filmes de Freddie Francis, uma testa de ferro e uma tonalidade de pele esverdeada.
Aquilo era assustador a qualquer um, seria aquilo outro sonho, dentro do próprio pesadelo que acabava de ter? O homem assustado ainda escolheu ignorar aqueles dois em sua frente, se levantando de seu sofá, ao pisar no tapete branco de linha, sentiu diversas fisgadas, ao olhar rapidamente percebia que seus pés estavam ainda com inúmeros cacos, aquilo tudo afinal de contas não foi um pesadelo, mas por que estava em sua frente dois homens, pareciam coisas vindas de dentro de sua própria cabeça, uma caderneta sobre o sofá fora revelada, o homem pegava a mesma abrindo e percebendo que estava tudo em branco, olhava para os dois inertes sobre sua presença com um olhar de quem não teria compreendido nada do que estava havendo.
Os dois homens em sua frente se levantaram, um deles deu um paço desajeitado a sua direção, o outro parecia ter um andar normal.
– Mas que inferno esta ocorrendo aqui? – alegou o homem com os pés furado, ainda confuso.
O homem coberto por ataduras sorriu, fora um sorriso sarcástico, fora possível notar isso estava estampado em sua face, outros passos rápidos e sincronizados foram dados a sua direção, e os dois pulavam, mergulhando sobre o corpo do homem com os pés furados, aquilo não era compreensível nem mesmo por René Descartes.
Assustado, ainda rasgava sua camiseta para tentar compreender o que aconteceu, até que realmente apagava mais uma vez e ao acordar novamente, percebia que por fim havia achado suas idéias novamente, sua caixa negra retorcida de idéias e criatividade havia retornado para dentro de seu crânio e mais uma vez sorrio, percebeu que ali, dentre suas três personalidades estava a verdadeira essência de seu eu..
Por J.B. Denominado neste recito como Caliban Infersarre.